Fim de uma era: Papa Francisco, o pontífice sanlorencista que levou a paixão pelo futebol ao Vaticano, morre aos 87 anos
Papa lutava para se recuperar de uma severa pneumonia dupla.
Papa Francisco parte aos 88 anos e deixa legado de fé, humildade e paixão pelo esporte como instrumento de união
Nesta segunda-feira (21), o mundo cristão se despede com profundo pesar de Sua Santidade o Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos. Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa jesuíta e também o primeiro pontífice vindo das Américas, deixa um legado de simplicidade, compaixão e diálogo. Um pastor do povo, que soube usar até mesmo o futebol como ferramenta para promover a paz, a solidariedade e o amor ao próximo.
Amante declarado do esporte bretão, Francisco era um torcedor fiel do San Lorenzo de Almagro, clube argentino fundado por padres salesianos e que carrega uma forte identidade católica. Sua ligação com o time não era apenas de torcedor, mas também espiritual. Em diversas ocasiões, acolheu dirigentes e jogadores do clube no Vaticano, e se emocionava ao relembrar histórias do time de sua juventude.
Em 2014, apenas um ano após assumir o papado, o San Lorenzo conquistou, de forma inédita, a Copa Libertadores da América. Muitos torcedores brincavam que aquela vitória histórica havia sido uma "graça papal". Mas Francisco via além: para ele, o futebol era mais do que um jogo – era uma linguagem universal que podia unir os povos, romper barreiras e transmitir valores cristãos como fraternidade, respeito e justiça.
Durante seu pontificado, Francisco recebeu inúmeras delegações esportivas no Vaticano, de diferentes nacionalidades e religiões. As visitas eram sempre marcadas por palavras de incentivo, bênçãos e gestos de carinho. Desde 2014, inclusive, a seleção argentina fazia questão de visitá-lo antes de cada Copa do Mundo, buscando inspiração e força espiritual.
Em 2019, reafirmando seu compromisso com a inclusão e com a dignidade de todas as pessoas, o Papa apoiou a criação do primeiro time feminino de futebol do Vaticano, uma iniciativa que representou um marco na abertura de espaços para as mulheres dentro da Igreja e da sociedade.
Sua visão sobre o futebol sempre foi marcada pela humildade e sabedoria. Quando perguntado sobre quem considerava o maior jogador da história, respondeu com ternura:
— Eu coloco um terceiro: Pelé. São os três que segui. Maradona, como jogador, foi um grande. Mas, como homem, falhou. Messi é corretíssimo. É um senhor. Mas, para mim, desses três, o grande senhor é Pelé. Um homem de um coração... Eu falei com Pelé uma vez, o encontrei em um voo, quando ia a Buenos Aires. Conversamos. É um homem de uma humanidade muito grande. Mas os três são grandes — afirmou com serenidade.
Papa Francisco nos deixa o testemunho de que a fé pode estar presente em todos os espaços da vida, até mesmo nos gramados. Com sua voz mansa e seu coração pastoral, ele evangelizou pelo exemplo, mostrando que o verdadeiro campo da vida é aquele onde se cultiva o amor ao próximo. O mundo se despede de um líder espiritual inesquecível, e o Céu, hoje, acolhe um servo fiel.
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